domingo, 29 de abril de 2007

Hitch ! Nada Amoroso

JÁ tinha visto algum pedaço de “Psicose” por aí. Ou até mesmo aquele velhor seriado em algumas reprises.Na casa de um amigo viciado em Suspense e Terror assistí à “Janela Indiscreta” e “Os Pássaros”. Mas a primeira vez que fui fisgado por Hitchcock foi alguns anos depois com o magnífico “North by Northwest” (até o final eu devo me lembrar do título em português) com James Stewart e Eva Marie Saint. Para mim esse foi o verdadeiro primeiro Hitchcock. Ou Sir Alfred Hitchcock. Ou Hitch para os íntimos.

Para a minha sorte o meu amigo de Faculdade (o mesmo que tinha Amarcord) possuia várias fitas que seu pai lhe deixara e consegui acesso à algumas raridades como “A dama oculta” (The Lady Vanishes) ainda da fase inglesa e “Interlúdio” (Notórius) com a inesquecível Ingrid Bergman e o saudoso Gregory Peck. Este ainda com o atrativo de um falso Rio de Janeiro.

Foi a partir desse momento que em pouco tempo consegui assistir com uma boa ajuda do destino à vários filmes deste que foi sabidamente o Mestre do Suspense, desde os mais manjados até outras raridades (na época DVD ainda era uma promessa) como o primeiro “O Homem que sabia demais” , “Os 39 Degraus” , “Agente Secreto”, “O marido era o culpado” (“Sabotage”, e sim, esse título nacional não é brincadeira), “Jovem e Inocente”, “O Sabotador” , “Rebecca”, “Correspondente Estrangeiro” , “Suspeita”, “Quando fala o Coração” , “Agonias de Amor”... Para os mais velhos isso pode não parecer grande coisa mas hoje em dia é um dádiva. Outro dia mesmo passou em um canal fechado “A tortura do Silêncio” e eu perdi. Ainda bem que tempos depois saiu em DVD.

É incrível como até o pior Hitchcock consegue ser melhor do que muito filme considerado ótimo hoje em dia. E Hitchcock consegue ser o diretor mais famoso de todos os tempos. Se você olhar bem, quantos diretores conseguem ser mais reconhecidos que os próprios atores. Quantos vão hoje em dia ao cinema ver o mais novo Scorcese e não ao mais novo Di Caprio. Quem sabe o Spilberg consegue esse feito mas não são todos que podem reconhecer a figura do diretor. Woody Allen tem esse poder mas não é muito popular. Hitchcock foi , e conseguiu o mérito de conquistar público e crítica (essa nem tanto) em uma época de grandes diretores.

Hitchcock foi extremamente criativo e inovador em seus roteiros. Sua câmera fez escola e no mais suas histórias de bastidores não menos saborosas dariam ótimos filmes.

Antes da febre “Onde está Wally” , Hitchcock adorava aparecer em seus próprios filmes em pequenas e rápidas figurações. Começou a aparecer sempre no início para não distrair o público por muito tempo. Ele temia que as pessoas ficassem procurando por ele e se distraíssem do enredo. Quase sempre era fácil achá-lo, mas não se podia piscar. Conseguiu até a façanha de aparecer em “Lifeboat” de 1943 que se passa inteiramente em um pequeno barco à deriva em alto mar.
De vários livros lançados sobre o mito o que merece maior atenção é aquele que condensa as várias entrevistas que Truffaut realizou com o Mestre na década de 60. Foi Truffaut o responsável à abrir os olhos da crítica para o já sabido por todos, que Hitchcock era um gênio. Mania essa dos franceses que já adoravam Jerry Lewis quando esse ainda era desprezado na sua América natal. Voltando ao livro, é uma dessas Bíblias do Cinema, um dos melhores para aqueles que possuem algum tipo de fascínio pela sétima arte. Aprendi muito com ele.

Por uma daquelas coincidências do destino está passando na TV um desenho dos “Flinstones” onde Fred e Barney vão à um estudio assistir as filmagens de “Uma pedra que cai”.

Um comentário:

Unknown disse...

Antoine, meu grande amigo cinéfilo,

Parabéns por esta apreciação tão rica e criativa sobre o nosso querido Mestre do Suspense.

Realmente ele é daqueles diretores que são lembrados tanto quanto os atores de um filme.

Hitch é um "clássico" por excelência!

E parabéns pelo blog!

Eduardo Silva
Teresina