segunda-feira, 28 de maio de 2007

DROPS

Tô meio sem tempo agora, mas já vou adiantando algumas coisas. Depois posto com mais afinco.

ZODIACO - DAvid Fincher

Demorou, mas finalmente David Fincher entregou seu mais novo trabalho sobre Serial Killers. O Projeto teve vários imprevistos e até mudanças de nome (mas continuou como Zodiaco mesmo).

Era para ser um dos melhores filmes do ano, mas acabou sendo o melhor do Fincher. Incrível como um cineasta pode amadurecer tanto. E olha que ele já era bom.

GRINDHOUSE - Tarantino e Rodrigues


Esse não é para qualquer tipo de público. Não é o mais fraco dos diretores porque eles já tinham feito "um Drink no inferno". Mas não é ruim não, é divertido.

MARIA ANTONIETA - Sofia Coppola


Falaram mal, mas na verdade não é tão diferente dos trabalhos anteriores da superestimada diretora (quem diria, ainda mais quem acompanhou a época de Godfather 3). Um bom filme, com bons momentos.


O CHEIRO DO RALO - Heitor Dalhia


Quem já conhece o fabuloso livro do Mutarelli já sabia o que esperar. Quem pergunta "Mutarelli quem ?" não sabe o que está perdendo.
Um livro dificil de adaptar (como de prache), um filme aquém do livro (mas qual não é ?). Um bom exemplo do cinema nacional.
O diretor é o mesmo do pretencioso "Nina", aqui mais à vontade.

Scorcese , o velho Tarantino



Esse é velho, mas dado o atual nível do cinema não havia nada melhor para comentar. E de qualquer forma ele serve de referência para muito do cinema atual.

"Quem bate à minha porta" é o primeiro filme do Scorcese, começado ainda na faculdade em 1964. Era para ser um curta metragem(, mas depois de vários anos e de outras três mudanças de nome (Bring On The Dancing Girls, I Call First e J. R), foi finalmente lançado , desta vez como um longa, em 1967. Talvez por isso traga alguns problemas estruturais, mas é pelo talento do Scorcese que ele é lembrado até hoje.

Na época em que foi finalmente lançado era moda do cinema americano, influênciado agora pelos Europeus, que o filme trouxesse alguma cena de nudez e sexo, onde os produtores exigiram que Scorcese filmasse uma. Cedendo as pressões dos mesmos , Scorcese realizou uma cena para complementar o filme, e mesmo imposta, trouxe uma bela decupagem , que já mostrava o talento do jovem diretor.

O filme não tem exatamente um roteiro definido. E talvez resida ai a sua força. Scorcese aparece aqui livre de qualquer convenção, as cenas são mais importantes que o todo, e podemos notar nelas principios que permeariam a carreira do cineasta, como a forte influência da religião e a familia (a mulher que aparece no início, fazendo pão, é a mãe do diretor).


Na verdade o que me fez recordar do filme foi o fato de que lendo um comentário no Orkut, no qual uma pessoa questionava o talento do diretor (que finalmente ganhou o Oscar esse ano) e dizendo que o mesmo deveria ter aulas com o Tarantino, a imagem que me veio em mente foi o belo diálogo entre Harvey Keitel e Zina Bethune, acerca de filmes de faroeste (no qual o diretor tem grande apreço) e principalmente John Wayne. Tarantino bebeu muito disso. Quem diria que Scorcese , ainda nos anos 60, faria algo que seria resgatado décadas depois pelo jovem diretor , um cinéfilo de carteirinha e com grande talento para reciclar idéias alheias de uma forma original. Tarantino com certeza assistiu esse Scorcese em especial. A própria estrutura do filme lembra bem o novo cinema americano, mas era muito para a época. Se bem que Godard faria algo parecido também nos anos 60. Mas tudo bem, coisa de Cinéfilo novo.

No decorrer do filme, principalmente nas cenas finais , fica mais clara ainda a influência do Catolicismo no trabalho de Scorcese, nas cenas em que a personagem de Keitel, descobre do estupro sofrido pela sua jovem amada e seu mundo cai. Estão aí toda a idéia de punição e redenção que acompanharia o jovem diretor em toda a sua carreira. Aliás , em um belo epílogo na igreja.

Não é um filme fácil de se achar, e a primeira vista parece um Scorcese menor, mas está aí toda a força do seu cinema. E fica a constatação. Sem Scorcese não teriamos Tarantino. Ou melhor, teriamos, mas com menos talento, com certeza.

domingo, 13 de maio de 2007

Cão Sem Dono



Beto Brant é com certeza um dos diretores mais talentosos do Brasil. Depois de uma bem sucedida trilogia policial (Os Matadores, Ação entre Amigos e O Invasor), Brant surpreendeu com seu melhor trabalho , "Um Crime Delicado", um passo em frente em sua carreira (iniciada em curtas , ainda nos anos 80, vide o nostálgico Dove Meneguetti).

Brant volta a provocar em seu mais novo trabalho, "Cão sem Dono", baseado em livro do Gaucho Daniel Galera (O dia em que o Cão Morreu) e novamente roterizado pelo seu parceiro habitual, Marçal Aquino.

Se o tema do novo filme do diretor possa parecer em qualquer resumo um clichê (o relacionamento entre duas pessoas) , não se pode deixar de notar o talento do diretor em nos apresentar um panorama favorável para um lugar-comum do cinema (ou mesmo da vida).

"Cão sem Dono" não deve repetir o sucesso de seus primeiros trabalhos, ne m estar entre as grandes bilheterias do ano, mas nem por isso deixa de ser um dos grandes filmes a ser descobertos nesse ano, que até agora está bem fraco.

Mas isso definitivamente, não é culkpa de Brant.

O Papa é Pop



Não deixa de ser curioso notar.

Mesmo quem não goste de Humberto Gessinger e Cia, não pode se deixar de notar que ele estava certo em relação ao falecido João Paulo II e sua vocação para o Pop.

Do novo Papa , que não tem o mesmo carisma que seu antecessor , o mesmo não poderia ser dito.

Não ?

A Mídia não deixou por menos e tratou o evento da chegada do Papa no Brasil com todos os ingredientes para transformar Bento em um novo ícone Pop.

Será que conseguiu ? Tudo comprova que sim. E isso atesta a influência da TV em criar Ídolos Pop.

Por que será que com música e afins a TV não mostra sua influência de modo digamos, mais positivos ?

Vai-se o Papa , fica a pergunta.

o Balconista 2



O tom do começo é Nostalgico, mas basta alguns segundos para Kevin Smith jogar na cara dos espectadores que os tempos são outros, agora ele recuperou sua coleção de quadrinhos e a vida mudou nesses mais de 10 anos.
A continuação de "O Balconista" já era esperada a vários anos pelos fãs de Smith, e veio em boa hora, meio que para tentar salvar a carreira do diretor , que há anos passou de revelação pop para ser apenas mais uma figura cult entre os "descolados". Nos últimos anos Smith estava tendo mais destaque como roteirista de quadrinhos do que outra mídia.

E nada melhor do que uma volta ao início de tudo, justamente na série que lhe deu fama e nunca mais largou (seja em desenhos animados , seja em HQs). E marca também a volta dos insuperáveis Jay e Silent Bob (este , o próprio Smith)
Mas não deixa de ser curioso o fato de que o diretor , em mais de 10 anos não consiga largar esses personagens, presentes em quase todos os filmes do diretor (se não me engano não estão em Jersey Girl).
Kevin Smith é no fundo um moralista. Todos seus filmes terminam ou tentam passar em algum momento (geralmente na figura do próprio diretor) com uma "mensagem" final, o que pode em alguns momentos ser como um tiro no pé, mas isso é algo inerente ao cinema americano, e não chega a aborrecer tanto, mesmo que o filme perca um pouco de escracho. Não ficam de fora também piadas pseudo-intelectuais com deficientes físicos e um inacreditável show de erótica inter-espécies (que pode chocar os menos desavisados, mas pode ser bastante engraçado se você não estiver nem um pouco aí com o politicamente correto).

O filme trás ainda trás além dos personagens já conhecidos , Rosário Dawson (que também está em Grindhouse e de volta em Sin City 2) , Jason Lee (amigo de Smith presente nos trabalhos do diretor e também como protagonista da melhor série cômica desde o fim de Seinfeld , "My name is Earl" ) , Etan Suplee (também de "My name is Earl", coincidência ?) e um inspirado Ben Affleck em um dos melhores momentos de sua carreira.

Além das referências explícitas à outros filmes , citados diretamente temos ainda tiradas sobre vários outros , como uma hilária cena à "Silêncio dos Inocentes" e até ao próprio primeiro filme (tanto durante a cena do telhado, como diversas citações ao longo do filme). Poderia ter ficado de fora mais uma referência à "Butch Cassidy", lembrada por Hollywood quase que regularmente (seja em comédias B, à blockbusters como "O Homem Aranha".

Como em uma elipse, o final do filme volta a transbordar Nostalgia. O Saldo final é positivo, ainda que o filme não funcione sozinho e sim na esteira do primeiro, condição sine qua non para se apreciar o filme.


E como se é costume nos filmes do diretor não deixe de ler os créditos finais (algo bem ao estilo agradecimentos do Ultraje à Rigor) . E Smith se Smith sempre anunciava a volta da dupla Jay e Silent Bob, desta vez avisa apenas que eles voltarão algum dia (Mas isso tá na cara, não é Kevin ?).

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Em Ritmo de Video Game



Nessas alturas todo mundo já deve ter visto o novo e esperado "Homem Aranha". E com certeza também já deve ter constatado que é o pior dos 3 filmes do herói. Não ? Então você deve mais ou menos 15 anos ou ser fã incondicional do Venob.

Não que seja um filme ruim, longe disso (se bem que nem tanto). O filme até agrada, tem vários bons momentos, mas afinal, quem esperava um terceiro filme de uma franquia melhor ? Se ultimamente existe o concenso que o segundo é melhor que o primeiro, o terceiro nunca ocorreu (quem sabe um James Bond, que tem altos e baixos, mas até agora nunca um terceiro). E isso não é tão mal assim, é só questão de expectativas.

Boatos era o que não faltavam acerca dos vilões e a história desse último (da triologia , claro) filme do herói no cinema. E a constatação de que Venon seria finalmente um dos vilões do filme foi a deixa que faltava para deixar os mais novos empolgados e os fãs mais , digamos, clássicos, com uma pulga atrás da orelha. Afinal, existe vilão mais ridículo que Venon ? (Aquele com o uniforme cheio de circulos não vale).

A boa notícia é que o Venon em si não prejudica tanto o filme. Sam Raime é inteligente e deixou alguns manerismo para o Todd McFarlane e deixou o vilão menos babaca do que costume. O problema é outro, e quem já estava escaldado com "Batman e Robin" já previa: Excesso de vilões.

O filme não se dá conta de tantos personagens e situações ocorrendo ao mesmo tempo. O roteiro é cheio de falhas, e a tentativa de ligar os personagens chega a dar vontade de largar a sessão. Valeu a tentativa de Raimi de presentear os fãs com a presença da adorável Gwen , mas por que diabos ele resolveu ligar ela com tantas coincidências na trama que parece mais um roteiro de novela (e das 7 para piorar). Não vou citar exemplos , mas quem já viu deve ter constatado isso.

O personagem do Homem Areia é outro exemplo disso. Era preciso colocar ele como o provável assassino do tio Ben ? Ah, era para dar maior motivação ao Aranha ! Então tá...

E claro, outro ponto que incomoda, este típico do cinema ianque, cheio de lições de morais. Todos os personagens tem seu ponto de vista dissecado, afim de explicar suas motivações e assim caminhar para a típica lição de moral. Não seria tão irritante se não soasse tão forçado.

Se o Venon não chega a incomodar tanto como previsto, e se o Homem Areia é um show de efeitos, o mesmo não se pode dizer do novo duende (ou doente ?) Harry Osborne. Nas mãos de um ator mais competente poderia fazer a diferença, mas o personagem é tão mal escrito que dispensa comentários.

E falando em ator, Tobey Maguire deve ter os piores momentos de sua carreira, em sua atuação "emo" de garotinho revoltado. Chega a causar constrangimento sua atuação nerd-patética que não era tão acentuada nos demais filmes.

Os efeitos continuam bons, mas desta vez me pareceu em muitas cenas com um ritmo muito acelarado, típico dos video-games e que deixam de causar emoção em várias partes. Ou se causam alguma emoção deve ser pelo cansaço. Outro ponto negativo do filme, sua excessiva duração (devido ao excesso de tramas) que não seria tão insuportável se o roteiro fosse mais bem amarrado.

Engraçado é que sai do cinema achando um filme bom, até pensei que iria escrever somente que seria isso mesmo, com alguns pontos negativos, mas me surpreendi com os inumeros defeitos que me incomodaram. Mas não deixa de ser uma ótima opção de lazer, ainda mais em tempos como os de hoje, onde filmes de heróis como "Motoqueiro Fantasma" e "Quarteto Fantástico" causam grande comoção no público.

Sam Raimi é um grande diretor , mas não imfalível (quem viu Rápida e Mortal e Sorte no AMor , sabe disso). Homem Aranha 3 pode não ser uma mancha em sua carreira e com certeza não irá sepultar o herói no cinema , mas está com certeza entre seus trabalhos , senão os piores, os mais fracos. Fica a lição, que devia ter apreendido com o Joel Schumacher (se bem que o merchandising é mais forte que os 3 vilões juntos).

Enfim, não irá deixar ninguém bravo, mas alguma insatisfação não tem jeito (e não estou falando da mania nerd de querer que seja tudo idêntico aos quadrinhos . Ora, para que ter o trabalho de sair de casa então ?). Ou seja, cinema é cinema e HQ é HQ. E como cinema é razoável, mas dificilmente vou rever tão cedo.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Não há nada a fazer em Chinatown


Acabei de rever "Chinatown" de Roman Polanski, escrito por Robert Towne e produzido pelo mítico Robert Ewans (Existe um ótimo documentário sobre este ultimo, "O show não deve parar") e é difícil de comparar com o (fraquíssimo, por sinal) "Dália Negra" do outrora interessante Brian de Palma e como Hollywood deixou de saber fazer filmes Noir.
O Filmes Noir pode ser considerado um verdadeiro produto holywoodiano. Grandes mestres como Howard hanks, John Huston, Billy Wilder, Otto Preminger (este subestimado) e John Ford se enveredaram por esse gênero, que , por sinal, rendeu grandes clássicos.
Chinatown veio em um época que o gênero já estava em baixa. Enquanto na época clássica , os Noir eram filmados em preto e branco (claro que devido à época , mas também herança do expressionismo alemão), Chinatown por sua vez trouxe aquela cor amarelada , "quente" , que predomina até hoje em várias tentativas de ressucitar o gênero ("Pergunte ao Pó"). Outra diferença, essa nem tanto óbvia, foi uma leve mudança de tema. Enquanto nos antigos tudo se desenrolava em busca de uma jóia, ou uma peça rara, desta vez o tema era até então inusitado: água e eletricidade. Engraçado se referir como "novo" um filme feito a mais de 30 anos, mas tudo bem.
Jack Nicholson está exemplar no papel. Se sua atuação não chega aos pés do cinismo de um Humprey Bogart (talvez o maior dos atores que tenha pisado em Hollywood), chega quase perto. E não vejo hoje nenhum ator americano novo que tenha capacidade de interpretar uma personagem com tantas nuances como estes exigem. E nada mais desanimador do que ver em "Dália Negra" uns dos piores exemplos que se podem ter notícia: além do apático Josh Hartnett (Justiça seja feita, pelo menos nome ele parecer ter) e Scarlett Johansson (inacreditavelmente a nova musa de Woody Allen, mas ele está velho coitado, não vamos julgá-lo). E uma mal escalada Hilary Swank completa o time (alias , o filme merecia um prêmio de pior elenco já escalado, algo que acontece também em "A Conquista da Honra" de CLint Eastwood).
Se um elenco mal escalado pode estragar até um filme de Kubrick, então o que dizer de um De Palma. Brian nunca foi considerado um diretor dos mais originais. Tem uma boa técnica , vamos ser justos (e o filme rende uns poucos bons momentos , como o tiroteio nas ruas ao decorrer do filme e o encontro do corpo da "dália") , mas seus maiores momentos sempre foram as cópi...ops, homenagens, aos grandes filmes como a cena da escadaria em "Os Intocáveis" e os cacoetes Hitchcokianos em vários trabalhos.
Mas voltemos à Chinatown. FIlme obrigatório para não somente os fãs de policiais (se não fossem os orientais estariamos perdidos nesse segmento) mas para qualquer fã de cinema em geral. O título e o filme vêem a partir de um diálogo que teve com um polícial que trabalhava lá. "Fazemos o mínimo possível". "Por que ?" indaga Towner. "Quando se está em Chinatown, com as diversas línguas e os vários dialetos, não dá para saber quem está fazendo o que com quem. Não dá para saber se pedem para prevenir um crime ou inadvertidamente a polícia ajuda a cometer um crime. Portanto a melhor coisa em Chinatown é fazer o menos possível."
E voltando a falar no elenco, além de Jack Nicholson e de uma incrível Faye Dunaway, temos também um jovem Polanski em uma ponta famosa e nada mais nada menos do que o próprio John Huston como uma das figuras chaves do filme. E isso, faz a diferença.
Há muito o que se ver em Chinatown.