terça-feira, 1 de maio de 2007

Não há nada a fazer em Chinatown


Acabei de rever "Chinatown" de Roman Polanski, escrito por Robert Towne e produzido pelo mítico Robert Ewans (Existe um ótimo documentário sobre este ultimo, "O show não deve parar") e é difícil de comparar com o (fraquíssimo, por sinal) "Dália Negra" do outrora interessante Brian de Palma e como Hollywood deixou de saber fazer filmes Noir.
O Filmes Noir pode ser considerado um verdadeiro produto holywoodiano. Grandes mestres como Howard hanks, John Huston, Billy Wilder, Otto Preminger (este subestimado) e John Ford se enveredaram por esse gênero, que , por sinal, rendeu grandes clássicos.
Chinatown veio em um época que o gênero já estava em baixa. Enquanto na época clássica , os Noir eram filmados em preto e branco (claro que devido à época , mas também herança do expressionismo alemão), Chinatown por sua vez trouxe aquela cor amarelada , "quente" , que predomina até hoje em várias tentativas de ressucitar o gênero ("Pergunte ao Pó"). Outra diferença, essa nem tanto óbvia, foi uma leve mudança de tema. Enquanto nos antigos tudo se desenrolava em busca de uma jóia, ou uma peça rara, desta vez o tema era até então inusitado: água e eletricidade. Engraçado se referir como "novo" um filme feito a mais de 30 anos, mas tudo bem.
Jack Nicholson está exemplar no papel. Se sua atuação não chega aos pés do cinismo de um Humprey Bogart (talvez o maior dos atores que tenha pisado em Hollywood), chega quase perto. E não vejo hoje nenhum ator americano novo que tenha capacidade de interpretar uma personagem com tantas nuances como estes exigem. E nada mais desanimador do que ver em "Dália Negra" uns dos piores exemplos que se podem ter notícia: além do apático Josh Hartnett (Justiça seja feita, pelo menos nome ele parecer ter) e Scarlett Johansson (inacreditavelmente a nova musa de Woody Allen, mas ele está velho coitado, não vamos julgá-lo). E uma mal escalada Hilary Swank completa o time (alias , o filme merecia um prêmio de pior elenco já escalado, algo que acontece também em "A Conquista da Honra" de CLint Eastwood).
Se um elenco mal escalado pode estragar até um filme de Kubrick, então o que dizer de um De Palma. Brian nunca foi considerado um diretor dos mais originais. Tem uma boa técnica , vamos ser justos (e o filme rende uns poucos bons momentos , como o tiroteio nas ruas ao decorrer do filme e o encontro do corpo da "dália") , mas seus maiores momentos sempre foram as cópi...ops, homenagens, aos grandes filmes como a cena da escadaria em "Os Intocáveis" e os cacoetes Hitchcokianos em vários trabalhos.
Mas voltemos à Chinatown. FIlme obrigatório para não somente os fãs de policiais (se não fossem os orientais estariamos perdidos nesse segmento) mas para qualquer fã de cinema em geral. O título e o filme vêem a partir de um diálogo que teve com um polícial que trabalhava lá. "Fazemos o mínimo possível". "Por que ?" indaga Towner. "Quando se está em Chinatown, com as diversas línguas e os vários dialetos, não dá para saber quem está fazendo o que com quem. Não dá para saber se pedem para prevenir um crime ou inadvertidamente a polícia ajuda a cometer um crime. Portanto a melhor coisa em Chinatown é fazer o menos possível."
E voltando a falar no elenco, além de Jack Nicholson e de uma incrível Faye Dunaway, temos também um jovem Polanski em uma ponta famosa e nada mais nada menos do que o próprio John Huston como uma das figuras chaves do filme. E isso, faz a diferença.
Há muito o que se ver em Chinatown.