domingo, 29 de abril de 2007

Aquela Época Ridícula e Inesquecível

O que mais me incomoda no cinema americano comercial, ou seja, Hollywoodiano, é a falta de compromisso com a realidade. Não estou falando claro de ficções e gêneros do tipo , mas de títulos mais banais, como os que retratam os adolescentes. Se a sua vida parece mediocre quando comparada com os personagens que se vê na tela não se desespere. É apenas um conto de fadas moderno fornecido pelos donos de estúdios. Só não se iluda, sua vida é mediocre mesmo.

É aqui que surge o cinema independente americano, que desmente o fato de que o cinema daquele país seja só lixo como atestam alguns. E não que os filmes independentes sejam só maravilhas , mas até os medianos estão anos-luz à frende dos “suportáveis” hollywoodianos (salvo raríssimas excessões, mas que me lembre nenhum desse “Gênero”).

Talvez o melhor exemplo deste contraponto seja “Bem vindo à casa das Bonecas” de Todd Solondz. A história é banal: garota feia e mal vestida de 11 anos é odiada na escola e desprezada em casa pelo pai passivo e pela mãe que descaradamente prefere a outra filha, bonitinha e bailarina. Enfim, mais um daqueles personagens típicos de comédias – românticas escolares.

Mas é aí que mora o engano. Ao contrário da maioria deste tipo de filme, Dawn Wiener , a garota, não se revelano fundo uma garota maravilhosa, sensível ou especial. Ela é realmente mediocre e desajustada , a tal ponto que nem se dá conta disso. Ela é igual à todos que a desprezam. Ela se vinga , fazendo o mesmo que fazem dela com aqueles que estão abaixo dela. O único adolescente que possui algum tipo de afeto por ela marca uma hora atrás da escola para poder estuprá-la. E ela comparece.

É nesse retrato cruel da adolescência que o diretor Solondz (que mais tarde provou ser mais polêmico que gênial no superestimado “Felicidade” e no melhorzinho “Storytelling”) nos faz pensar na verdadeira natureza humana e na tormenta que é ser adolescente. Para os que já passaram por esta fase resta somente rir das desaventuras da personagem (sim, o filme é uma comédia).

Com tema parecido, mas menos polêmico, temos também “Rushmore” de Wes Anderson (Os Exêntricos Tennembauns). No Brasil ele recebeu o ridículo titulo de “3 é demais”. No elenco além de Bill Murray, que parece ter encontrado um novo rumo na carreira, temos o jovem Jason Schwatzman que recentemente estreou a gênial comédia “I (heart) Huckabess” de David O. Russell (A Mão do Desejo, 3 Reis, Procurando Encrenca).

Mesmo que nem todos os filmes independentes não sejam ótimos pelo menos eles possuem uma qualidade inegável; fazem pensar. A grande maioria não decidem por você na conclusão da história.


Talvez com isso eles afastem o expectador comum que tiveram os neurônios fulminados pela máquina hollywoodiana, pessoas que adoram filmes com Julia Roberts, acham Vin Dísel o máximo e se emocionam com pérolas como “O mistério da Libélula ”. Essas pessoas não gostam desse tipo de filme, não conseguem entendê-los e não percebem como essa tarefa é simples: é só olharmos para dentro de nós mesmos e refletirmos por um momento.

Aí é só um passo para começar a entender o cinema nacional (desprezado por antecipação), o francês , o alemão , o japónês e a partir daí partirem para filmes mais profundos (ou pelo menos , Menos Idiota).

Nenhum comentário: